quinta-feira, 17 de novembro de 2011

17.39. Batismo do Senhor Jesus (Mt 3:13-17; Mc 1:9-11; Lc 3:21-23) Mt 3:13

Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.

CAPÍTULO 12 - OS ANABATISTAS DEPOIS DA REFORMA
Por uns cem anos depois da reforma a igreja da Inglaterra batizou por imersão. Contudo, a despeito disto, os batistas da Inglaterra objetaram ao seu batismo sobre os fundamentos que os anglicanos vieram de Roma, era uma igreja apóstata, logo, não qualificada para administrar o batismo.
Quando os brownistas deixaram a Igreja Inglesa, objetaram a sua hierarquia, litúrgica, constituição e governo, mas aceitaram-lhe o batismo. Houve um John Smyth que se separou deles neste ponto, discutindo com eles que se a igreja era apóstata, como filha de Roma, não estava, portanto qualificada para administrar o Batismo e a Ceia do Senhor. O bispo Hall pulou na controvérsia entre Smyth e os brownistas e enquanto esfolava Smyth, repreendia os brownistas com estas palavras: “Vós que não podeis aturar uma igreja falsa, por que vos contentais com um sacramento falso, uma vez que, especialmente, (como disputais) a Igreja Inglêsa não é igreja e o seu batismo, portanto, uma nulidade? Ele (Smyth) diz-vos a verdade, vossa condição é insegura: ou deveis adiantar-os para ele ou voltar-vos para nós. Deveis adiantar-vos para os anabatistas ou voltar-vos para nós. Todos os vossos rabinos não podem responder a essa acusação do vosso irmão rebatizado”.
Há uma história que Smyth, desacreditando todo o batismo na Inglaterra, foi a Holanda para descobri-lo e, finalmente, batizou-se. Esta história esta desmentida tanto por Orchard como por Christian. Se verdadeira ou não, mostra que a questão tanto na Inglaterra como na Holanda estava acesa por este tempo. Para se saber definitivamente como os batistas ingleses estavam nesse tempo na questão da imersão estranha, só temos de olhar a sua afirmação doutrinária escrita em 1689: “O Batismo e a Ceia do Senhor são ordenanças de instituição positiva e soberana, indicadas pelo Senhor Jesus, o único legislador, para serem continuadas na Sua agreja até ao fim do mundo, Estas santas indicações são para serem administradas por aqueles que estão qualificados e portanto chamados, segundo a comissão de Cristo”.
Um dos nomes afixados a esse documento doutrinário é o de William Kiffin, que foi pastor de uma igreja batista no Devonshire durante sessenta e um anos até sua morte em 1701.
Atos de perdão geral foram publicados na Inglaterra em 1538, 1540 e 1550. Ladrões e vagabundos receberam o favor real, mas os batistas foram excluídos. Sob Maria Sanguinária jorrou sangue de veias batistas e a Rainha Isabel seguiu o exemplo do seu ímpio pai e, como ele, baniu batistas, dando-lhes vinte dias para deixarem o reino. Por duzentos anos, segundo arquivos forenses, os batistas foram perseguidos na Inglaterra.
Froude, historiador, falando de alguns batistas, queimados vivos, diz: “Foram-se os pormenores, foram-se os seus nomes. Pobres holandeses e é tudo. Escassamente o fato parece digno de menção, tão brevemente esta contado num parágrafo passageiro. Por eles não se agitou a Europa, nenhuns tribunais guardaram luto, nenhuns corações reais tremeram de indignação. Na sua morte o mundo contemplou complacente, indiferente, ou exultante. Todavia, aqui, também, dentre 25 pobres homens e mulheres, acharam-se catorze que por nenhum terror da fogueira ou da tortura puderam ser tentados a dizer que criam no que não creram. Para eles a História não tem uma palavra de louvor; contudo, eles também, não estavam dando o seu sangue em vão. Suas vidas podiam ter sido tão inúteis como as da maioria de nós. Na sua morte ajudaram a pagar o preço para aquisição da liberdade inglesa”.
E assim a batalha contra os anabatistas passou de século a século. Os católicos podiam perseguir episcopais e estes no poder perseguir católicos, mas ambos fundiram-se na sua animosidade e perseguição dos batistas. Nem a Alemanha, nem a Inglaterra lhes deram pouso aos seus pés, ao passo que a Espanha, a França e a Itália foram um holocausto de perseguição. Pensamos na crueldade de Herodes que trucidou as crianças masculinas de Judá, e nos arrepiamos só de pensar, mas isso foi só uma pequena província. Pelos séculos afora, por todo o continente europeu, bem assim na Inglaterra, centenas de milhares de crianças sucumbiram a fome e ao frio, enquanto suas mães peregrinaram para perecerem nas florestas e montanhas, e por sobre todo o continente podia ser ouvido o clamor das Raquéis lamentando por seus filhos. E por que? Porque esses anabatistas afirmaram que eles era a única igreja escriturística e o seu batismo o único batismo escriturístico.
Morreram eles em vão? Foram mártires do fanatismo, ou de um princípio tão velho como o próprio cristianismo? Vós, que hoje vos chamais a vós mesmos batistas, atirareis fora essa herança sem apreço que os de ontem conservaram para vós a custa de perseguição, martírio e morte? Quando procedeis assim, não só os marcais com ferro em braza como fanáticos, mas abdicais o princípio que nos distingue e os batistas se tornam apenas um ramo da Igreja Universal, sem outra autoridade para administrarem as ordenanças que Roma apóstata ou sua filha, a igreja da Inglaterra, nascida na mente perversa de Henrique VIII.
Mais que cem anos prévias a este período a América fora descoberta, mas foi um longo período antes da colonização assumir quaisquer proporções e tornar-se permanente. Mas, por esse tempo, quando a perseguição estava tão comum no continente e na Inglaterra, multidões, buscando escapar das perseguições de Roma, de Calvino, de Lutero e da Igreja Inglesa, e achar liberdade religiosa e livramento das perseguições do novo mundo, de vários portos embarcaram em navios e cruzaram os mares. Aqui vieram os peregrinos, os irmãos de Plymouth, os huguenotes, e aqui vieram, como tiveram oportunidade, os pobres e oprimidos anabatistas, os quais não encontraram lugar na Europa onde pudessem adorar a Deus segundo os ditames de suas próprias consciências.
Mas é a irônia da história que, em o novo mundo, os perseguidos tornaram-se perseguidores, de fato todos, salvo os batistas. O mundo está familiarizado com a história de Roger Williams, vagando pelas neves da Nova Inglaterra com o seu inverno, mas há alguns outros fatos da história americana a respeito dos batistas com os quais não estamos tão familiarizados. O governador Winthrop conta de uma senhora Moody, a qual comprou uma plantação em Lynn, a dez milhas ao Nordeste de Boston. Diz que ela era uma mulher sábia, amável e religiosa, mas dada ao erro de negar o batismo às crianças. Foi ela lidada pelas autoridades e foi para Long Island e estabelecida entre os holandeses. Então ele ajunta: “Muitos outros, infeccionados de anabatismo, foram removidos também para lá”.
Em 1644 um homem de nome Painter virou anabatsista e recusou-se a consentir que o seu filho recém nascido fosse batizado. Sendo mandado pelo tribunal a batizar a criança, recusou ainda dizendo-lhes que o batismo infantil era uma ordenança anti-cristã. Por isso foi atado e açoitado.
Por este tempo o governador Winthrop relata terem os Anabatistas aumentado e se disseminado por todo o Massachusetts. Em 1644 o Tribunal Geral passou uma lei para supressão dos Anabatistas. A lei segue em parte: “Tanto quanto a experiência tem provado abundantemente e muitas vezes, que desde o primeiro surto dos Anabatistas tem sido os incendiários da comunidade e os contagiadores de pessoas nas principais matérias de religião, os transtornadores de igrejas em todos os lugares onde tem estado, considerando como ilegal o batismo de crianças, costumeiramente sustentado outros erros de heresias concomitantes; é ordenado e concordado, (portanto) que se qualquer pessoa ou pessoas nesta jurisdição condenar abertamente ou opor-se ao batismo de crianças, ou andar secretamente para seduzir a outros da apropriação de usar ou separar deliberadamente a congregação da administração da ordenança, toda pessoa tal será sentenciada ao banimento”.
Embaixo ajuntamos uma carta que o Tribunal Geral escreveu aos irmãos de Plymouth: “Honrados e amados irmãos: ouvimos já há tempo de diversos Anabatistas surgirem na vossa jurisdição e nela conviverem; mas sendo só uns poucos, bem esperamos que agradasse a Deus pelos esforços de vos mesmos e dos fiéis anciãos convosco, ter reduzido tais errados ao caminho direto. Mas agora, para nosso pezar, estamos crivelmente informados que pela vossa paciente atenção a tal gente, o efeito produzido é outro, a saber, a multiplicação e aumento de tais erros, e tememos sejam de outros erros também, se oportuno cuidado não se tomar para suprimir os mesmos”.
Obadias Holmes, acusado de ser Anabatista, foi encarceirado e então açoitado publicamente, do que ele escreve: “O homem bateu com toda a sua força (sim, cuspindo nas suas mãos tres vezes, como muitos afirmaram) com um chicote de tres cordas, com ele deu-me trinta pancadas. Quando ele me soltou do poste, tendo gozo no meu coração, alegria no meu semblante, como os circunstantes observaram, disse eu aos magistrados: Tendes me açoitado com rosas”.
O castigo foi tão severo que o governador Jenckes disse: “O Senhor Holmes foi açoitado com trinta açoites e de tal maneira cruel que, por muitos dias, se não por algumas semanas, não podia descançar, mas amparar-se nos seus joelhos e cotovelos, não podendo deixar que qualquer parte do seu corpo tocasse o leito em que se deitava”. O julgamento e açoitamento de Holmes levou Henry Dunster, presidente de Harvard, a tornar-se batista. Pregou um sermão sobre o batismo infantil que deu na organização de uma igreja batista em Boston. Os magistrados exigiram que os membros desta igreja frequentassem a Igreja Estabelecida. O tribunal geral os desprivilegiou e os entregou a prisão, perseguindo-os com multas e prisão durante 3 anos. O Tribunal Geral em 1668 setenciou Shands Giould, William Turner e John Farnum a serem banidos e porque não queriam ir foram presos quase um ano. A separação entre a igreja e o estado não constou da constituição de Massachusetts até 1833, mais de cinquenta anos depois da Declaração de Independência.