terça-feira, 15 de novembro de 2011

17.37. Batismo do Senhor Jesus (Mt 3:13-17; Mc 1:9-11; Lc 3:21-23) Mt 3:13

Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.

DÉCIMO TERCEIRO SÉCULO
Caracteriza-se este século pela mais horrível perseguição dos que se opuseram as más práticas e falsas doutrinas da Igreja Católica Romana. Parece que, por este tempo, os dissidentes tornaram-se tão numerosos e tão espalhados em todos os países da Europa, que a Igreja Romana ficou excessivamente irada, determinando suprimir ou exterminá-los. Verificamos primeiro o tratamento dos Peterinos na Itália. Em 1220 A. D., Honório III induziu Frederico II a lavrar um édito contra eles. Mosheim diz que não havia alternativa de escapar aos monstros humanos da inquisção, salvo pela fuga, e que muitos passaram da Itália, espalhando-se como uma inundação por todas as províncias européias. Outros éditos foram lavrados, um dos quais estabelecia: “Não deixaremos que estes miseráveis vivam”. Uns tiveram suas línguas arrancadas, para que não corrompessem outros; outros foram entregues às chamas. A despeito disto, no meiado deste século tiveram, disse Reiner, quatro mil em perfeita forma, mas os chamados discípulos eram multidão inumerável.
Quadro mais horrível se apresenta no tratamento dos Valdenses e Albigenses na Espanha e na França. Contra eles o Papa Inocêncio III publicou decretos e prometeu indulgências a todos que se unissem numa cruzada para destruí-los. Formidável exército de fanáticos se ajuntou por este meio de toda a Europa, somando de tres a cinco mil. A frente destes marchava Simão de Monfort, Conde de Liecester. Em poucos meses duzentos mil foram sacrificados; outros tangidos de suas casas incendiadas estiveram vagando nas florestas e montanhas, perecendo de privações e fome. No outono do mesmo ano seguiu-se outra cruzada capitaneada por Alice, mulher de Simão de Monfort. Todos os encontrados foram enforcados em patíbulos. Cem habitantes de Brom tiveram seus olhos arrancados e seus narizes cortados. Isto continuou com mais ou menos intensidade num período de quarenta anos, durante cujo tempo, diz Orchard, extinguiu-se um milhão de vidas. Todavia, a despeito disto, o historiador Clark. calcula os Berengários, outro nome desses dissidentes, em oitocentos mil em 1260. Muitos dos que escaparam fugiram para a Boêmia, Livônia e Polônia, onde foram chamados Picardos, ou Valdenses. Um inquisidor da Igreja de Roma diz desses refugiados Boêmios: “Eles dizem que a Igreja de Roma não é a de Jesus Cristo, mas uma assembléia de ímpios. Que ela cessou de ser a verdadeira igreja no tempo do Papa Silvestre, presidicia em 330 A. D. Os escritores boêmios dizem que batizaram e rebatizaram tais pessoas que se ligaram as suas igrejas, e sempre fizeram assim. Em outras palavras, eram Anabatistas e sempre o foram”.
DÉCIMO QUARTO SÉCULO
Dissemos que os Valdenses ou Picardos, que fugiram para a Boêmia por causa de perseguições no século décimo terceiro, vieram a somar oitenta mil no século décimo quarto. Este século se caracteriza mais pelo surto e pela obra de quatro anabatistas proeminentes: João Wyclif, da Inglaterra, João Huss e Jerônimo de Praga e Valter Lollard do Reno, na Alemanha. Pedro Payne, principal da Sala Edmundo na Universidade de Oxford, Inglaterra, sendo perseguido por causa de sua oposição à violência papal, fugiu para a Boêmia, levando tratados de Wyclif que foram introduzidos na Universidade de Praga, onde Huss era professor. Pelo mesmo tempo, ou um pouco mais cedo, Walter Lollard, homem de cultura e eloquência, famoso pelos seus escritos, visitou a Inglaterra e, porque eram da mesma fé, sendo anabatistas, ligaram-se aos Wyclifitas. Entrementes, na Boêmia, João Huss e Jerônimo estavam constantemente abanando o fogo da dissenção contra a fé católica. Huss foi excomungado por contumácia pelo Papa e depois julgado por heresia e queimado na pira. Das idéias dos seus seguidores diz Erasmo: “Os Hussitas renunciaram a todos os direitos e cerimônias da Igreja Católica; ridicularizaram nossa doutrina e prática em ambos os sacramentos e não admitem a ninguém até que sejam mergulhados na água”.
Jerônimo de Praga foi amigo íntimo de Huss. Viajou por muitos países da Europa, incluindo a Inglaterra, onde teve acesso aos escritos de Wyclif, os quais copiou e levou de volta com ele para Praga. Huss e Jerônimo foram julgados pelo mesmo concílio e pela mesma ordem queimados na pira. Huss morreu orando por seus perseguidores; Jerônimo cantando: “Hanc, in flammis, offero, Christi tibi”. (Esta minha alma em chamas de fogo, Ó Cristo, Te ofereço). Huss e Jerônimo, ensinaram ambos aquelas heresias atribuídas aos anabatistas. Walter Lollard foi um pregador laborioso e eloquente entre os batistas ao longo do Reno. Também ele foi queimado na pira em 1320 A. D.
DÉCIMO QUINTO SÉCULO
Ao passo que nos aproximamos da grande Reforma Protestante, achamos os dissidentes em toda a parte avacalhados ante o poder crescente e as inquisições da Igreja Católica Romana. Muitos vilipêndios os alcançaram. Orchard descreve um contra os habitantes do vale de Pragela no Piemonte: “O ataque se fez aí pelo fim de dezembro, quando as montanhas estavam cobertas de neve. Os habitantes fugiram para uma das mais elevadas montanhas dos Alpes com suas esposas e filhos, as mães infelizes carregando o berço numa mão e na outra levando a progênie que pudessem andar. Os invasores inumanos os perseguiam até que a escuridão da noite lhes obscureciam os objetos de sua fúria. Muitos foram chacinados antes de alcançarem as montanhas. Colhidos pelas sombras da noite, os aflitos desterrados vagavam acima e abaixo das montanhas cobertas de neve. Paralizados de frio, alguns caíam no sono para nunca mais despertarem. Passada a noite achavam-se nos seus berços ou deitados na neve quarenta criancinhas geladas e sucumbidas. Ao lado delas, também suas mães sem vida e outras prestes a expirar”.
Um pouco mais tarde, um exército foi levantado por Alberto, legado do Papa e marchou pelo vale do Loyse. Os habitantes fugiram para as suas covas nas montanhas. Alberto e o seu exército seguiram e fizeram fogueiras nas entradas das cavernas. Quatrocentos crianças ficaram sufocadas nos seus berços ou nos braços de suas mães mortas. Multidões, para evitarem a morte pela sufocação ou serem queimadas na pira, atiravam-se nos precipícios das montanhas, onde nas rochas em baixo faziam-se em postas. Se escapavam à morte na queda, eram brutalmente trucidados pelos soldados. Mais de tres mil do vale do Loyse pereceram nesta ocasião. Para obter dinheiro para as despesas desta expedição o Papa concedeu indulgência ao pecado e perdão dos crimes passados.
Deste período diz Mosheim: “Antes do surto de Lutero ou Calvino, jazeram escondidos em quase todos os países da Europa, particularmente na Boêmia, Moravia, Suíça e Alemanha, muitas pessoas que aderiram tenazmente às doutrinas dos batistas Holandeses, as quais os Valdenses, Wyclifitas e Hussitas tinham mantido, algumas de uma maneira mais disfarçada, mais franca e publicamente outras, a saber, que o reino de Cristo, ou a igreja visível que ele estabelecera na terra era uma assembléia de santos verdadeiros e reais, e devia, portanto, ser incessível aos ímpios e injustos, como também isentas daquelas instituições que a prudência humana sugeriu, opor-se ao progresso da iniquidade, ou corrigir e reformar transgressores. Esta máxima é a verdadeira fonte de todas as peculiaridades que são para serem achadas na doutrina e disciplina dos batistas. É evidente que estas idéias foram aprovadas por muitos antes da alvorada da reforma”.
Mosheim ainda diz deste período: “O aspecto ameaçador dos negócios na Alemanha sugeriu aos Picardos a necessidade de emigrarem. Levas de batistas alemães emigraram para a Holanda e os países baixos, as quais, no correr do tempo amalgamaram-se com os batistas holandeses”.
E, agora, com o princípio do século dezesseis raia a reforma sob Lutero e Calvino, mas outra vez devemos citar Mosheim: “Houve certas seitas e certos doutores contra quem o zelo, a vigilância e a severidade de Católicos, Luteranos e Calvinistas estavam unidos. Os objetos de sua aversão comum eram as Anabatistas. E agora vem a reforma e encerramos esta história dos Anabatistas até este tempo, tendo-os traçado, nas palavras de Mosheim, grande historiador luterano, “desde as mais remotas profundezas da antiguidade”. À luz dessas provas, quem dirá que a igreja que Jesus edificou alguma vez cessou de existir, ou que a tocha da verdade conservada e transmitida pelos apóstolos, foi em algum tempo apagada?