sexta-feira, 11 de novembro de 2011

17.33. Batismo do Senhor Jesus (Mt 3:13-17; Mc 1:9-11; Lc 3:21-23) Mt 3:13

Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.

CAPÍTULO 8 - ALBIGENSES E VALDENSES
Consideraremos estas duas seitas juntamente porque são inseparáveis, tanto quanto à sua origem como quanto à sua doutrina.
O Sul da França está separado do Norte da Espanha pelos alterosos Pirineus, os quais se estendem do Atlântico no Ocidente até ao Mediterrâneo no Oriente, numa distância de mais de duzentas milhas. Grandes gargantas e vales jazem em cada lado dessas montanhas por mais de cem milhas. Cenas de magnificente grandeza deleitam o olhar do viandante. Florestas revestem o lado montanhoso, enquanto os vales e colinas fornecem lã, vinho, linho e óleo aos que habitam esta deliciosa região.
Do lado espanhol está a província de Catalunha e do francês estão a Gasconha e o Languedoc.
Em capítulos anteriores mostramos como os novacianos, donatistas e paulicianos, por causa das perseguições de Constantino e outros, foram tangidos ao exílio, os que deles não foram postos à morte. Fugindo, nada mais natural que buscassem refúgio nos píncaros das montanhas, os Pirineus e os Alpes. “Aqui os celtas acharam abrigo, aqui os godos encontraram refúgio quando os sarracenos devastaram a Espanha”, diz Orchard.
Do lado francês dos Pirineus estava a pequena vila de Alby na província de Albigeo. Aqui chegaram os novacianos e donatistas, mais tarde os Paulicianos e ainda mais tarde os Valdenses. Como porém, sustentavam todas idéias idênticas, e em oposição à Igreja Romana, misturaram-se e fundiram-se num todo harmonioso, tornando-se conhecidos por Albigenses, da vila perto da qual moravam. Então o nome foi dado a outros de idéias iguais que habitavam nas províncias em redor. Quanto ao número deles, Orchard tem isto a dizer: “Pelo zelo e assiduidade de Gundulfo e Arnold na Itália, com Berenger, Pedro de Bruys e Henrique na França, os seguidores e discípulos desses reformadores tornaram-se bastante suficientes em número para excitarem alarma na Igreja Católica antes de Waldo de Lião aparecer como reformador. Em diferentes reinos foram conhecidos por nomes diferentes, supondo-se, nesses períodos terem montado a oitocentos mil em profissão.
O Dr. Allix tem isto a dizer do número deles: “Se concedermos oitocentos mil professos para os berênguios (albigenses) e darmos a cada profissão tres aderentes, estes dois números, oitocentos mil e dois milhões quatrocentos mil, fazem tres milhões e duzentos mil pessoas sustentando idéias evangélicas”.
Quanto as suas idéias, sustentavam não ser a comunidade Católica Romana uma igreja de Cristo. Eles, portanto rebatizavam a todos que lhes vinham dos Católicos Romanos. Rejeitaram o batismo de criancinhas depois que essa heresia surgiu. Não batizavam a ninguém sem uma profissão de fé pessoal.
O Dr. Christian, depois de citar Pedro Bruys em extenso, diz em conclusão: “Ver-se-á pelos trechos dados supra que Pedro de Bruys e seus discípulos rebatizavam e estavam, portanto, nos olhos dos seus oponentes, anabatistas”.
O distinto bispo de Meaux, grande controversista Católico Romano no tempo de Calvino, insulta a este como pretender Henrique e Pedro de Bruys na linha da sucessão apostólica e ajunta que todos os sabiam anabatistas, e o historiador Fabrício diz que eram naquela época.
E dos Valdenses? Eles estavam tão identificados com os Albigenses e com as outras seitas que foram constituir aquela corporação que é difícil distinguí-los. Uma coisa é certa: segundo suas próprias pretenções e a acusação dos seus inimigos mais rancorosos, e o testemunho dos historiadores, existiram centenas de anos antes de Pedro Waldo de Lião, cujo nome levam, advogar as idéias que os caracterizam.
Vimos em capítulo anterior como Constantino em 331 A. D., perseguiu os Novacianos. Seus livros confiscados, suas igrejas queimadas e eles mesmos proibidos de se reunirem. Como resultado dessas medidas opressoras muitos fugiram das cenas de sofrimentos para lugares mais apartados.
Cláudio Seyssell, o arcebispo papalino, traça o surto dos Valdenses a um pastor chamado Leo, que foi tangido de Roma neste período e achou refúigio nos Alpes. Estes vales e montanhas foram redutos naturais defendendo pelos séculos os contendores pela fé uma vez entregue aos santos. Quando Waldo veio no século doze, distinguido cidadão de Lião, abraçou as idéias desses espalhados Novacianos e outros que habitavam essas alturas montanhosas.
Corroborando essas idéias, não temos senão de nos referirmos aos historiadores, e os inimigos, desses mesmos Valdenses. Fisher, na sua história da Igreja Cristã, diz: “Eram do mesmo movimento geral que produziu os Albigenses”. Jones, na sua história da igreja, diz que eles eram chamados pelos nomes de cada um dos antigos partidos. Jacó Gretcher, Professor de Dogmática na Universidade de Ingoldstadt, diz que a doutrina deles, disciplina, governo, maneiras e mesmo os seus erros mostram que Albigenses e Valdenses eram ramificações da mesma seita. Significativo é o depoimento de Raisero Sacchoni. Ele foi por dezessete anos um dos mais ativos pregadores dos Cataros, ou Valdenses da Lombárdia. Mas tarde uniu-se a ordem dominicana e tornou-se acérrimo inimigo dos Valdenses, fazendo-o o Papa inquisidor da Lombárdia. Sua opinião é como segue: “Entre todas as seitas não há mais perniciosa à igreja do que os Lionistas (Valdenses). Por tres razões: Primeira, porque é a mais antiga, pois alguns dizem que data do tempo de Silvestre, 325 A. D., outros aos tempo dos apóstolos. Segunda, é a mais largamente espalhada, porque dificilmente havera um país onde não existam. Terceira, porque, se outras seitas horrorizam aos que as ouvem, os Lionistas, pelo coutrário, possuem uma grande aparência de piedade. Como matéria de fato, eles levam vidas irrepreensíveis perante os homens e no que respeita à sua fé, aos artigos do seu credo, são ortodoxos. Sua única falta é que blasfemam contra a igreja e o clero”.
Que testemunho do seu inimigo, que a única falta deles era sua condenação de uma igreja corrupta e um clero ainda mais corrupto! Mas, que dizem eles mesmos de si? Há um documento chamado The Noble Lessons que dá suas próprias idéias de sua antiguidade. Diz: “Não achamos em lugar algum nos escritos do Velho Testamento que a luz da verdade e da santidade fôsse em algum tempo completamente extinta. Sempre houve homens que andaram fielmente nas veredas da justiça. Sua quantidade tem sido em tempos reduzida a poucos, mas nunca se perderam. Cremos que o mesmo tem sido o caso desde o tempo de Jesus até agora e que assim será até o fim. Ela (a igreja) conservou por muito tempo a virtude da santa religião e segundo a história antiga, seus diretores viveram na pobreza e na humildade por uns tres séculos, a dizer, até ao tempo de Constantino. Sob o reinado desse imperador, que era leproso, houve um homem na igreja chamado Silvestre, romano. A este foi Constantino e foi batizado em o nome de Jesus Cristo e curou-se de sua lepra. O imperador achando-se sarado de uma moléstia repugnante, pensou que honraria ao que operara a cura conferindo-lhe a coroa do império. Silvestre aceitou-a, mas o seu companheiro, diz-se, recusou consentir, separou-se dele e continuou a seguir a vereda da pobreza.
“Então Constantino foi embora para as regiões além do mar, seguido por uma multidão de romanos, e edificou a cidade à qual deu seu nome: Constantinopla. Desse tempo o heresiarca levantou-se para honra e dignidade e o mal multiplicou-se sobre a terra. Não cremos que a igreja de Deus se separou absolutamente da verdade, mas uma parte cedeu e, como se vê comumente, a maioria foi guiada para o mal enquanto a outra porção permaneceu por muito tempo fiel a verdade que recebera. Assim, pouco a pouco a santidade da igreja declinou”.
Tal é a opinião dos Valdenses mesmos quanto a sua origem. Da sua doutrina e prática, sustentavam que a comunidade Católica Romana não era uma igreja de Cristo; rebatizavam portanto, os que tinham sido batizados naquela comunidade e por esta razão foram chamados anabatistas.
Das suas idéias diz Orchard: “Censuravam a fraude daqueles que se impuseram ao mundo por serem chamados Católicos. Citavam muitas passagens para provarem que uma igreja do Novo Testamento consistia somente de pessoas virtuosas nascidas da água e do Espírito Santo. Separavam-se dos católicos por causa da impureza de sua Igreja. Tomaram o Novo Testamento como regra de sua fé e prática. Assim estes cristãos batizavam pagãos e judeus e reimergiam todos os católicos, não batizando a ninguém sem uma profissão de fé pessoal”.
Para somar de uma vez toda a matéria citaremos outra vez Orchard: “Os que foram antecessores dos Valdenses eram chamados Valdenses, Puritanos, Peterinos, Lionistas, Petrobrussianos, Arnoldistas, Berengários e Paulicianos, que eram todos anti-pedobatistas, concordando todos num artigo de disciplina: rebatizavam a todos que vinham da Igreja Católica a sua comunhão, daí serem chamados aAnabatistas”.
Quando refletimos que eles aturaram por mil e quatrocentos anos toda espécie de perseguição, arrostando o exílio e a morte por sua crença que a Igreja Católica, por causa da heresia e prática corrupta, não teve o direito de administrar o batismo, que diremos daqueles hoje que tratam levianamente esta matéria e aceitam o batisino estranho de seitas que brotaram de Roma e ensinam idéias idênticas às de Roma na questão da regeneração batismal?
Seguramente precisamos de cantar com renovada ênfase:
“Fé de nossos pais, viva ainda
A despeito de masmorra, logo e espada
Oh! como pulsam alto de louvor nossos corações,
Sempre que ouvimos a palavra gloriosa!
Fé de nossos pais, santa fé, A ti seremos leais até à morte”.