segunda-feira, 7 de novembro de 2011

17.29. Batismo do Senhor Jesus (Mt 3:13-17; Mc 1:9-11; Lc 3:21-23) Mt 3:13

Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.

A IMERSÃO ESTRANHA E A IGREJA POST-APOSTÓLICA.
Foi aí uns duzentos anos depois do nascimento de Cristo e uns cento e setenta anos depois que Cristo edificou Sua Igreja que a questão de batismo estranho acarretou uma divisão nas igrejas. No tempo de Paulo, antes do ano 100 A. D., questões morais e doutrinárias tinham já surgido para enfadarem a igreja. Em Corinto houve quem veio à mesa do Senhor para festar e se embriagar. Houve também a questão judaica da circuncisão. Mais tarde as heresias gnósticas se infiltraram sorrateiramente que vexaram a João, e a doutrina dos nicolaítas e Balaão, das quais Cristo previne a igreja em Pérgamo.
E agora, ao aproximarmo-nos do ano duzentos A. D., vemos igrejas que consideram outras igrejas como tão heréticas que não receberão o seu batismo, mas insistem em batizar todos que lhes venham de corporações heréticas. Esta heresia não era aspersão nem pedobatismo. Estas últimas não surgiram mais de duzentos anos mais tarde. Orchard, o historiador, diz deste período: “Os historiadores deste período, nenhum deles menciona coisa alguma concernente ao batismo de criancinhas. Nem uma criança natural de qualquer descrição aparece como tendo sido batizada na igreja de Roma durante os primeiros três séculos e imersão foi o único método de se administrar a ordenança. Durante os primeiros três séculos as congregações cristãs por todo o oriente subsistiram em corporações separadas, independentes, não sustentadas por governos e, consequentemente, sem qualquer poder secular sobre a outra. Todo este tempo foram Igrejas Batistas. E conquanto todos os patrólogos dos primeiros quatro séculos, até Jerônimo, fossem da Grécia, Líria e África; conquanto dessem grandes somas de histórias do batismo de adultos, não há menção sequer do batismo de uma criança até o ano 370 A. D”.
A luz desta história, paremos para fazermos a pergunta dos que contendem que a Igreja Católica Romana é a mais antiga. Onde estava a Igreja Católica Romana durante este período? Era simplesmente inexistente, mas houve sinais de sua formação na apostasia do cristianismo com a sua salvação batismal, suas superfetações eclesiásticas resultando em bispos regentes, perda da independência da igreja e, mais tarde, o surto do pedobatismo, brotando da doutrina de salvação batismal, aspersão e derramamento, brotando do batismo infantil, até que Roma emergiu e por mais de mil anos perseguiu as verdadeiras igrejas de Cristo que sustentaram a fé apostólica.
Por este tempo, terceiro século A. D., furiosa controvérsia surgiu que durou por centenas de anos, até mesmo aos dias da reforma. Os que insistiam sobre rebatismo de todos que lhes vinham foram achincalhados de anabatistas, ou rebatizadores, nome que carregam com outros nomes por centenas de anos. Reuniram-se concílios da igreja e os anabatistas foram anatematizados e mais tarde excomungados quando Roma tomou o poder. Diz Neander: “Foi um bispo romano, Estevam que, instigado pelo espírito de arrogância eclesiástica, lavrou uma sentença de excomunhão contra os pastores da Ásia Menor, Capadócia, Galácia e Cilícia, estigmatizando-os como anabatistas, um nome, contudo, que eles podiam justamente afirmar que não mereceram por seus princípios, pois não era desejo deles administrar um segundo batismo, mas disputavam que o prévio batismo dado pelos hereges (outras seitas) não podia ser reconhecido como verdadeiro”. (Vol. 1, pgs. 318 e 319).
Não é para inferirmos que os que tomaram esta posição eram poucos em número. Contavam-se por milhares, e mais tarde, por causa de perseguição e inquisição espalharam-se quase que por todos os recantos da Europa Ásia e África. Conquanto levavam nomes diferentes, tinham uma característica comum entre outras; eram anabatistas, os rebatizadores.
Mosheim, historiador luterano, amargo inimigo dos batistas, tem isto a dizer dos anabatistas: “A verdadeira origem dessa seita, que adquiriu o nome de anabatista, por administrar de novo o rito do batismo aos que vinham à sua comunhão, está oculta nas remotas profundezas da antiguidade e, portanto, é extremamente difícil ser determinada”. Vol. IV, pag. 427.
O Cardeal Hosius, presidente do Concílio de Trento, diz: “Se a verdade da religião fosse para ser julgada pela prontidão e alegria que um homem em qualquer seita mostra no sofrimento, então a opinião e persuasão de nenhuma seita pode ser mais verdadeira e segura do que a dos anabatistas, uma vez que não houve nestes mil e duzentos anos passados ninguém que tenha sido mais geralmente punido, ou que tenha mais alegre e firmemente suportado e mesmo sacrificado nas mais cruéis espécies de castigo do que esta gente”..1560 A. D.
Em 1819 o Rei da Holanda indicou o Dr Ypeig, professor da teologia na Universidade de Groningam, e o Rev. J. J. Dermont, capelão do Rei, ambos cultos e membros da Igreja Reformada Holandesa, para redigirem uma história de sua Igreja. Eles o fizeram no volume autêntico que prepararam e publicaram em Breda em 1823, dedicam um capítulo aos batistas. Nele fazem esta afirmação: “Vimos agora que os batistas antigamente chamados anabatistas e nos últimos tempos menonitas foram os originais valdenses, que há muito na história da igreja receberam a honra dessa origem. Por isto os batistas podem ser considerados como a única comunidade que ficou desde os apóstolos e como uma sociedade cristã conservou pura a doutrina do Evangelho por todos os séculos”.
Estes escritores citados não eram batistas, mas proclamaram, após investigação, o que alguns de nossos batistas, joelhos fracos, negam a perpetuidade da igreja e a conservação da verdade evangélica em todos os tempos ainda que por tremendo custo.
Como resultado de sua investigação o governo da Holanda ofereceu as igrejas batistas do reino o sustento do Estado, mas leais aos princípios batistas eles declinaram disso. McClintock e Strong dizem: “O termo anabatista, ou rebatizador, está ligado com as controvérsias do terceiro século. Na Ásia Menor e na África, onde por muito tempo rugiu amargamente o espírito de controvérsia, o batismo só foi considerado válido quando administrado na igreja ortodoxa. Tão alto foram as disputas sobre a questão, que dois sínodos (concílios) se convocaram para investigá-la, um em Icônio e outro em Sinada da Frígia, os quais confirmaram a opinião da invalidade do batismo herético. Da Ásia passou a questão à África do Norte. Tertuliano concordou com a decisão dos concílios asiáticos em oposição à prática da igreja romana. Agripino convocou um concílio em Cartago, o qual chegou a uma decisão semelhante aos da Ásia. Assim ficou a matéria até Estevam, bispo de Roma, provocado pela ambição, que procedeu a excomungar os bispos (pastores) da Ásia Menor, Capadócia, Galácia e Cilícia, aplicando-lhes os epítetos de rebatizadores e anabatistas”. A. D. 253, Vol. I, pg. 210.
Diz Mosheim: “Eles adquiriram o nome Ana-batistas por administrarem de novo o rito do batismo aos que vinham à sua comunhão; rebatizaram todos os que deixavam outras igrejas cristãs para abraçarem sua comunhão”. Mosheim, História da Igreja, Vol. II, pgs. 127 e 296. Estas autoridades que temos citado não são batistas, mas são historiadores e como historiadores afirmam que, desde os apóstolos, tem havido os que se postaram pela verdade e a conservaram, recusaram receber de outras seitas os que tinham sido imergidos, porque não consideravam a seita que os batizou como tendo autoridade para assim fazer. Não é para inferirmos que os que assumiram esta posição eram poucos: eram contados aos milhares e, mais tarde, por causa de perseguição e inquisição, espalharam-se por quase todos os países da Europa, Ásia e África. Conquanto levassem diferentes nomes, tinham uma característica comum entre outras, foram os anabatistas, os rebatizadores. Nos capítulos seguintes estudaremos estas seitas que brotaram em muitos países dando os nomes que levaram, seus ensinos suas características e, acima de tudo, como um toda a parte foram conhecidos e denominados anabatistas, porque recusaram aceitar como válido o batismo realizado por hereges, como consideravam a igreja romana, ou aqueles cuja heresia mais tarde resultou na Igreja Romana. Com vergonha pensamos em alguns hoje que recusaram permanecer pela “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” e urgiríamos por uma nova consagração ao sentimento expresso no hino: “Fé de nossos Pais”.