segunda-feira, 14 de novembro de 2011

17.36. Batismo do Senhor Jesus (Mt 3:13-17; Mc 1:9-11; Lc 3:21-23) Mt 3:13

Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.

CAPÍTULO 10 – OS ANABATISTAS EM CONTINUAÇÃO
No capítulo anterior traçamos em breve os Anabatistas durante os primeiros dez séculos da era cristã. Dizemos em breve porque, se tivessemos dado toda a informação a nós deixada pelos historiadores, isso encheria volumes. Mas os dados que temos oferecido são fragmentários. Por exemplo, num certo século, contentamo-nos em dar, como regra, o rnovimento de uma seita num país, quando podíamos ter dado os movimentos das muitas seitas em todos os países da Europa, Ásia e África. Então, quando consideramos que os historiadores nos deram só vislumbres da história deste período, que o máximo da história desses Anabatistas está por escrever, e nunca será escrita, maravilhamo-nos da fé e da fidelidade dessa gente, contados aos milhões, tangidos, perseguidos, exilados, peregrinando para lá e para cá na terra, trucidados, tantos como 900.000 só num século numa província só, e contudo, através disso tudo, sobrevivendo e conservando-se para carregar a tocha da verdade nas suas mãos moribundas, passando-a as gerações por vir. Maravilhosa fé! Coragem incomparável! Insobrepujável fideildade ao sagrado depósito que Deus lhes pusera nas mãos!
Não podemos abstermo-nos de citar nesta conexão as palavras inspiradas no décimo primeiro capítulo de Hebreus: “Que pela fé subjugaram reinos, obraram justiça, obtiveram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a violência do fogo, escaparam ao gume da espada, da fraqueza se fizeram fortes, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos, mulheres receberam seus mortos ressuscitados; outros foram torturados, não aceitando livramento, para que obtivessem uma melhor ressurreição; outros tiveram escárnios e prisões, sim, açoites e algemas. Foram lapidados, serrados, tentados, passados ao fio de espada; peregrinaram em pelos de carneiro e bodes, ficando destituídos, afligidos, atormentados: dos quais o mundo não era digno; vagaram pelos desertos e pelas montanhas, cavernas e covas da terra”.
E a parte lastimável de tudo isto é que sofreram o mais destas coisas daqueles que se arrogavam eles mesmos o nome de cristãos, os católicos romanos e gregos. Significavo que os Gôdos, que conquistaram os Romanos, e os Sarracenos, que vieram quase a conquistar as hierarquias romana e grega, foram muito mais compassivos para com estes Anabatistas do que os próprios católicos romanos e gregos.
Chegamos agora a traçar a história dos Anabatistas do século décimo ao décimo-sexto, quando temos a reforma protestante.
DÉCIMO PRIMEIRO SÉCULO
“Da Itália”, diz Mosheim, “os Paulicianos mandaram colonos quase que a todas as outras províncias da Europa e formaram gradualmente um considerável número de assembléias religiosas que aderiram à sua doutrina e verificaram toda a oposição e indignidade dos papas. Cultivaram a estima e a admiração da multidão pela sua santidade. Na Itália foram chamados Paterinos e Cataros”.
Dos Paterinos, a quem menciona Mosheim supra, diz Orchard: “Os Paterinos em 1040 tornaram-se muito numerosos e conspícuos em Milão, que foi sua residência principal. Aqui floresceram, pelo menos, duzentos anos. Suas igrejas foram divididas em dezesseis compartimentos iguais as que os batistas ingleses chamaram associações; cada uma subdividida em partes que seriam chamadas igrejas, ou congregações. Uma, ou a igreja principal, era a de Concorreggo e os membros de igreja nesta associação foram mais que mil e quinhentos. Nos reinados dos Gôdos e Lombardos, os Anabatistas, como os católicos os chamavam, tiveram o seu quinhão de igrejas e batistérios”.
Bruno e Berenger foram reformadores na França em 1035 A. D. O segundo levou consigo vastas multidões de discípulos. Mezerei, historiador francês diz que suas doutrinas penetraram a França, a Itália e a Alemanha com outros reinos mais. Os seus seguidores eram chamados evangelistas durante um século e muitos padeceram morte por suas opiniões. Belarmino diz: “Os Berengários só admitem adultos ao batismo. Erro que os Anabatistas abraçaram”. Mezerei declara ter sido Berenger cabeça dos sacramentários, ou Anabatistas, e Morell calcula para mais de 800.000 no ano 1160 A. D. professando a fé berengária.
DÉCIMO SEGUNDO SÉCULO
Chegando ao século décimo segundo temos não só de considerar os 800.000 berengários, mas uma galáxia de novos nomes em surto, que tiveram tremenda companhia ameaçando, onde quer que vivessem, a própria existência da Igreja Católica. Estes nomes são Pedro de Bruys no Sul da França, Henrique de Tolosa, Arnaldo de Brescia na Itália e Pedro de Lião.
Pedro de Bruys apareceu aí por 1110 nas províncias do Languedoc e Provença no Sul da França. Opôs-se às corrupções da Igreja Católica e batizou os que vinham dessa comunhão. Foram, portanto, chamados Anabatistas. O bispo de Meaux increpa Calvino como segue:
“Adotais Henrique e Pedro de Bruys entre vossos predecessores, mas ambos, todos sabem, foram Anabatistas”.
Pedro de Bruys continuou seus labores por vinte anos, quando foi às chamas em São Giles por uma plebe enraivecida, estumada pelo clero da Igreja Católica.
Henrique de Tolosa, discípulo de Pedro de Bruys, apareceu cinco anos mais tarde como reformador. Denunciou o Clero Católico pelos seus vícios e a Igreja Católica pela sua superstição e ensino falso. Sua influência foi tão tremenda que Bernardo escreveu ao Conde de São Giles: “As igrejas estão sem gente, a gente sem sacerdotes, os sacerdotes sem reverência e, por fim os cristãos sem Cristo. Nega-se às crianças a vida de Cristo por recusar-lhes a graça do batismo”. Arnaldo de Brescia na Itália, surgiu aí por 1137. Viajou na França na juventude e foi pupilo do renomado Pedro Abelardo. Homem de poderosa eloquência, bateu na opulência e luxúria do Clero Romano. Ergueu-se o povo em rebelião contra os bispos. A Igreja Romana alarmou-se e, no Concílio em 1139, foi ele condenado ao silêncio perpétuo. Deixou a Itália e foi para Zurique na Suiça; “Tangido de que pela influência de Bernardo, foi para Roma e arrostou a fera na sua própria jaula, no próprio capitólio. Por dez anos manteve sua ascendência sobre os papas, que tremeram no Vaticano, ou vagaram como exilados noutras cidades, mas, finalmente, os papas ganharam ascendência, e, em 1165, foi preso, crucificado e queimado.
Dele diz Mosheim: “Este reformador, em cujo caráter e maneiras havia diversas coisas dignas de estima, levou após si grande número de discípulos que dele derivaram o nome de Arnoldistas, e em épocas subsequentes descobriram o espírito e intrepidez do seu líder tantas vezes quantas se ofereceram ao seu zelo oportunidades favoráveis de reformarem a igreja.
Pedro de Lião era um negociante opulento e chegou à prominência como reformador aí por 1160. Ao traduzir os primeiros evangelistas do latim para o francês ficou espantado de achar que a religião da Igreja Romana diferia quase totalmente do que fora ensinado por Cristo e os Apóstolos. Deixou seus negócios, distribuiu suas riquezas entre os pobres, adotou as crenças dos Valdenses do Piemonte e foi ensinar a fé apostólica. Suas idéias estavam de acordo com as dos Albigenses, Arnoldistas, Petrobrusianos e outros dissidentes que foram chamados Anabatistas. Cresceram rapidamente. Foi anatematizado pelo pontificie. Sendo forçado pela perseguição a deixar Lião atravessou diferentes províncias, pregou a palavra com grande aceitação. Foi para a Alemanha com muitos dos seus seguidores, lá chamados Picardos, e depois então na Boêmia. Por causa de perseguição por Felipe II da França muitos dos seus seguidores fugiram para os vales do Piemonte, levando consigo a nova tradução da Bíblia, enquanto outros foram para a Alemanha e alguns para os países baixos, espalhando os fogos da dissidência com as doutrinas e corrupção católicas.
Orchard diz: “Suas doutrinas foram levadas a Flandres, Polônia, Espanha, Calabria e mesmo até aos domínios de grão Sultão”. Assim aumentaram por toda a Europa. Em Narbona e países adjacentes tornaram-se tão poderosos a ponto de ameaçarem o poder papal de ruína. Dieckoff, historiador alemão dos Valdenses, diz deles: “Havia uma conexão entre os Valdenses e os seguidores de Pedro de Bruys, Henrique de Lausanne, Arnold de Brescia. Finalmente uniram-se numa corporação aí por 1130, pois sustentavam as mesmas idéias”. Pgs. 167, 168.