quarta-feira, 9 de novembro de 2011

17.31. Batismo do Senhor Jesus (Mt 3:13-17; Mc 1:9-11; Lc 3:21-23) Mt 3:13

Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.
CAPÍTULO 6 - SURTO DOS ANABATISTAS
Vimos agora para estudar as seitas que surgiram em seguida do período dos patrólogos ante-nicenos que levaram diferentes nomes, mas das quais todas tiveram uma característica comum: sua oposição ao recebimento do batismo executado por hereges e daí denominadas pelos historiadores os rebatizadores.
Há duas opiniões erradas sobre essas seitas: uma é que eram poucas em número e a outra é que sua história é obscura, pelo que pouco sabemos delas. Nenhuma dessas concepções é verdadeira. Só de uma seita, está calculado pelos historiadores, um milhão foi posto a morte pela Igreja Católica Romana e oitocentos mil foram tocados para outros países para buscarem um refúgio da perseguição; e, enquanto haja muita obscuridade e muito gostaríamos de saber, todavia há volumes de história destes mil quatrocentos anos, dos patrólogos à reforma, que recontam os feitos desta gente temente a Deus e perseguida em quase todos os países do mundo. Da massa desta evidência acumulada só podemos dar aqui pequena parte, mas suficiente para mostrar que através de todas as épocas esses batistas ou anabatistas, como foram chamados, por seus inimigos, foram leais à fé e recusaram, mesmo pelo preço do rnartírio, receber nas suas igrejas a imersão estranha.
MONTANISTAS
Primeiro, vejamos os Montanistas. Receberam o seu nome de Montano, que era um frígio e viveu aí por 156 A. D. Insistiram em que os que tivessem decaído da verdadeira fé deveriam ser batizados de novo. Diz Schaff-Herzog: “Não era um novo cristianismo: foi um recobro do velho”. Por isto foram cognominados anabatistas. Vol. II, pag. 427. O movimento espalhou-se rápido pela Ásia Menor, África do Norte e também Roma. Contra eles reuniram-se concílios da igreja, foram condenados, mas continuaram por séculos e foram conhecidos por outros nomes. Eusébio, pag. 229, nota 1. No ano 722 A. D. ainda existiam. Teofino, pag 722.
NOVACIANOS
Os novacianos surgiram aí por 250 A. D. Por causa da pureza de suas vidas foram chamados os cathari, os puros. Rebatizavam a todos que lhes vinham dos católicos romanos. Mosheim, Vol. I, pag. 203. Em períodos mais tarde foram chamados anabatistas. Robinson’s Researches, pag 127.
Orchard diz: “As igrejas assim formadas sobre o plano de comunhão restrita e rígida disciplina obtiveram a alcunha de puritanos. Foram a corporação mais antiga de igrejas cristãs das quais temos qualquer notícia, e uma sucessão delas, provaremos, continuou até hoje. Tão cedo como no ano 254 esses dissidentes são acusados de terem infeccionado a França com as suas doutrinas, o que nos ajudará no estudo das igrejas albigenses”. Alix’s Piedmont Cap. 17, pag.176.
Orchard diz mais adiante “Estas igrejas existiram por sessenta anos sob um governo pagão, durante cujo tempo os velhos interesses corrutos em Roma, Cartago e outros lugares não possuíam meios senão os da persuação e da censura para pararem o progresso dos dissidentes. Durante este período as igrejas novacianas foram muito prósperas e foram plantadas por todo o império romano. É impossível calcular o benefício do seu serviço a humanidade. Conquanto rígidos na disciplina, cismáticos no caráter, foram achados extensivos e numa condição florescente quando Constantino subiu ao trono em 306 A. D.
Na conclusão do quarto século tinham os novacianos três ou quatro igrejas em Constantinopla, assim como em Nice, Nicomédia, Cocíveto e Frígia, todas elas grandes e extensivas corporações, além de serem muito numerosas no império ocidental. Havia diversas igrejas em Alexandria no século quinto. Aqui Cirilo, ordenado bispo dos Católicos Romanos, trancou as igrejas dos novacianos. Elas despertaram a ira dos Católicos Romanos porque rebatizavam quem lhes vinha dos católicos. Foi lavrado um édito em 413 pelos imperadores Teodosio e Honório declarando que todas as pessoas rebatizadas e os rebatizadores seriam punidos com a morte. Conformemente, Albano, zeloso ministro com outros foi assim punido por batizar. Como resultado da perseguição nesse tempo muitos abandonaram as cidades e buscaram retiro no país e nos vales do Piemonte, onde mais tarde foram chamados valdenses.
DONATISTAS
Os donatistas surgiram na Numídia em 311 A. D. e espalharam-se pela África. Donatistas e novacianos eram muito perto de idênticos na doutrina e na disciplina. Crispim, historiador francês, diz deles que concordavam: “Primeiro, pela pureza dos membros da igreja, por afirmarem que ninguém devera ser admitido na igreja senão tais como verdadeiros crentes e santos reais. Secundariamente, pela pureza da disciplina da igreja. Terceiramente, pela independência de cada igreja, Quartenariamente, eles batizavam outra vez aqueles cujo primeiro batismo tinham razão de por em dúvida”. Foram, consequentemente, alcunhados rebatizadores, anabatistas.
Osiander diz que os nossos modernos anabatistas foram a mesma coisa que os donatistas da antiguidade. Fuller, historiador da Igreja Inglesa, afirma que os batistas na Inglaterra no seu tempo (de Fuller) foram donatistas remergulhados. Robinson declara que eram anabatistas trinitários. Tornaram-se tão poderosos que a corporação católica invocou o interesse do imperador Constantino contra eles, pelo que os donatistas inquiriram: “Que tem o imperador a ver com a igreja? Que têm os cristãos a ver com o rei? Que tem os bispos a ver no tribunal”. Pela morte de Constantino em 337, Juliano subiu ao trono e permitiu aos donatistas voltar. Cresceram rapidamente, até que, conforme com Orchard, tornaram-se quase tão numerosos como os Católicos Romanos. Jones diz, na sua Conferência Eclesiástica, Vol. I, pag. 474: “Rara era a cidade ou vila na África em que não houvesse uma igreja donatista”.
Optato, bispo de Mela, cidade de Numídia, escreveu um livro contra os donatistas, livro em que os acusa de rebatizarem Católicos Romanos como se fossem pagãos e afirma, em oposição às idéias dos donatistas, que “todos os homens que vêem ao mundo, ainda que nascidos de pais cristãos, estão cheios de um espírito imundo, que deve ser tangido pelo batismo”.
Diz Orchard a respeito da perseguição dos donatistas por Honório e Teodosio, imperadores do Oriente e Ocidente: “Lavraram um édito decretando que os filhos e as pessoas rebatizadas deveriam ser punidos com a morte, incluindo os rebatizadores. Em conse-quência desta cruel medida seguiu-se o martírio. Nota Gibbon que trezentos bispos (pastores), com muitos milhares de clero inferior foram arrancados de suas igrejas, destituídos de suas profissões eclesiásticas, banidos para as ilhas, proscritos pela Lei se presumissem esconder-se nas províncias da África”. Decline and Fall, Mod. Lib. Vol. I, pag. 1189.
Agostinho diz aos donatistas: “Vós, donatistas, dizeis os que vêem a vós são batizados na igreja impura por hereges, mas a validade do batismo depende da autoridade de Deus, não da bondade ou santidade da pessoa que oficia”.
No quinto século os donatistas entraram em conflito com a Igreja Católica não só sobre a questão da imersão estranha senão também sobre o batismo infantil, que surgiu por aquele tempo, brotando naturalmente da falsa doutrina de salvação batismal. Disto, Long, o historiador, diz: “Eles não só rebatizavam adultos, que lhes vinham, mas recusavam batizar criancinhas, contrários a prática da Igreja Católica. History of Donatists, pag. 103.
Em 415 A. D., Agostinho reuniu noventa e dois ministros em concílio e promulgou o seguinte manifesto: “Que é nossa vontade que todos aqueles que afirmam que as criancinhas recebem a vida eterna, conquanto pelo sacramento do batismo não são renovadas; que não querem que as criancinhas recem-nascidas do ventre de suas mães sejam batizadas para tirarem o pecado original seja anátema”.
Outra assembléia no mesmo ano, em Cartago, decretou: “Queremos que quem quer que negue que as criancinhas livram-se pelo batismo da perdição e se salvam eternamente, seja amaldiçoado”. Em seguida a esses éditos vieram perseguições e os donatistas foram dizimados e espalhados. Presume-se que muitos deles emigraram para a Espanha e Itália, misturaram-se com os pagãos no interior da África, levando com eles onde quer que fossem as sementes da verdade e a fé da igreja apostólica.