quinta-feira, 1 de setembro de 2011

16.42. Pregação de João o Batista (Mt 3:1-12; Mc 1:1-8; Lc 3:1-18) Lc 3:1,2

E no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos presidente da Judéia, e Herodes tetrarca da Galiléia, e seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene, sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias.

A Bíblia diz quando iniciou o ministério de João o Batista, e a datação se dá tanto pela maneira secular de contar, ou seja, ligada ao reinado de César, imperador romano, bem como da organização do sacerdócio, deixando claro também quem era o sumo sacerdote.A citação dos governantes mostra uma triste realidade, o podo judeu estava sob o domínio de outro povo, no caso o romano, daí a citação ao imperador dominante, César:
“Em Lc 3 é César Tibério (14 d. C. até 37 d. C.). O César Tibério é aquele de quem o Salvador afirmou: “Dai a César o que é de César.” – Era sua efígie que Jesus constatou na moeda que lhe fora mostrada. Estamos acostumados a encontrar datas precisas em nossas obras historiográficas. Todas essas referências de anos partem do ano de nascimento de nosso Salvador. E o cálculo é claro e inequívoco. Mas na Antigüidade não era assim, e por isso o cálculo não era simples. Os diversos povos, até mesmo as cidades, tinham seus métodos próprios. Por essa razão a cronologia dos povos antigos é bastante complexa, e demanda o maior esforço para estabelecer a relação cronológica correta dos eventos entre si. Também os historiadores antigos lamentavam essa dificuldade, buscando por um ponto de referência seguro que pudessem tomar como fundamento para datar os acontecimentos. A indicação das datas de Lucas não se guia pelo cálculo dos gregos e romanos. Ele indica simplesmente o tempo de governo do imperador. – Assim todo mundo entendia e sabia a época, i. é, o ano em que Jesus e João Batista iniciaram sua atividade pública de ensino. Foi o décimo quinto ano do governo de César Tibério.
Quando nos deparamos com as dificuldades que o cálculo cronológico acarretava no passado, não há como superestimar a gratidão por nossa contagem atual de acordo com o nascimento de Cristo. Devemo-la ao abade Dionísio, que atribuiu a si mesmo, por pura modéstia, o cognome Exíguo, i. é, o menos importante. Esse Dionísio, falecido no ano de 556 d. C., recebeu do papa da época a incumbência de calcular as datas da festa da Páscoa para uma série de anos. Ao executar essa tarefa ele foi o primeiro a utilizar a contagem “após a encarnação do Senhor”. Em virtude de seus cálculos, Dionísio acreditava que Cristo tinha nascido no ano 754 após a fundação de Roma. Estabeleceu como começo para sua contagem o dia 1º de janeiro daquele ano. No entanto, equivocou-se ao marcar o nascimento de Cristo para seis anos mais tarde do que provavelmente aconteceu. Está historicamente confirmado que Herodes faleceu antes da festa de Páscoa do ano 4 antes de Cristo. Isso foi, portanto, o ano em que o anjo do Senhor se manifestou a José, no Egito, a fim de comunicar-lhe que haviam morrido “os que atentavam contra a vida do menino” (Mt 2:19ss). Naquela época o menino deve ter tido cerca de dois anos de idade (Mt 2:16). Por isso, provavelmente ele nasceu no ano que designamos como seis antes de Cristo. Isso soa estranho, mas o erro foi cometido por Dionísio. Cronologicamente este erro de cálculo não causa muitos problemas. O que importa é que tenhamos um ponto fixo de referência.” (Evangelho de Lucas: comentário Esperança/ Fritz Rienecker; tradução Werner Fuchs. -- Curitiba, PR : Editora Evangélica Esperança, 2005.).
Ainda falando da menção das autoridades relacionadas neste momento histórico, que serão melhor abordadas em outras passagens: Tibério César, Pôncio Pilatos, Herodes, Filipe, Lisânias, Anás e Caifás.Tibério foi imperador romano, Pôncio Pilatos é conhecido pelo leitor da Bíblia, pois a ele coube o julgamento do nosso Senhor Jesus, foi governador de 26 d.C. a 36 d.C., Herodes de 4 a.C. a 39 d.C dele; o irmão dele Filipe de 4 a.C. a 34 d.C., e Lisânias; dos sete mencionadas Anás e Caifás eram as autoridades internas dos judeus: Além da realidade política opressora e ameaçadora, Lucas marca a deprimente situação religiosa em Israel por meio dos nomes Anás e Caifás (Caiafás). Quando o evangelista cita dois sumo sacerdotes, isso também assinala o desgaste do governo religioso, pois, de acordo com a lei, somente um sumo sacerdote podia exercer o mandato. A sucessão legítima no sumo sacerdócio já hacia cessado sob o regime de Herodes o Grande e ainda mais sob o domínio dos romanos. O precursor de Pilatos, Valério Grato, havia deposto o sumo sacerdote Anás no ano de 15 d. C., para em seguida eleger e expulsar vários novos sumo sacerdotes ao longo de alguns anos, até que finalmente encontrasse em Caifás (Caiafás, genro de Anás) um instrumento suficientemente solícito. Ele exerceu o cargo nos anos 18 a 36 d. C. Apesar de tudo, para o povo e em virtude da lei Anás continuou sendo o verdadeiro sumo sacerdote. – Essa coexistência de dois sumo sacerdotes foi o começo da dissolução deste cargo tão importante e relevante no AT. – A decadência de Israel havia, pois, avançado da realidade política até o coração do povo eleito de Israel.” (Evangelho de Lucas: comentário Esperança/ Fritz Rienecker; tradução Werner Fuchs. -- Curitiba, PR : Editora Evangélica Esperança, 2005.).